Antes conhecida como o berço de
Pablo Escobar, a capital do narcotráfico, hoje Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, é reconhecida
mundialmente pelo planejamento urbanístico e pauta outras localidades com cases
de sucesso a partir do investimento em cultura e educação.
A evolução da segunda maior
cidade da Colômbia pode ser validada em números: as taxas de homicídios na
cidade, em 1991, chegaram ao pico de 381 por 100 mil habitantes
(Organização Mundial da Saúde considera violência epidêmica um índice acima de
10 homicídios a cada 100 mil habitantes). Em 2017, esse número caiu para 22 por
100 mil habitantes.
Mas o que levou a essa latente
queda? Várias medidas podem explicar esse avanço. A preocupação de Medellín se
pautou no acompanhamento social e mobilização intensa para uma real mudança.
Muito além da disponibilidade de recursos para investimento. O nome ‘urbanismo
social’ leva o título dessa evolução em Medellín.
Além das obras como a criação dos
famosos parques-bibliotecas e edifícios fomentadores de cultura por toda a
cidade, alguns elementos foram cruciais para essa mudança notória: participação
cidadã (qualquer projeto começava por inquirir à comunidade local sobre seus
desejos), engajamento e protagonismo, aspectos chave para dar continuidade aos
projetos.
“Educação e cultura foram os eixos principais de transformação em Medellín”, disse o ex-prefeito da cidade, de 2008 a 2011, Alonso Salazar, ao Folha UOL. “A arte é um elemento de mudança que Medellín usa para enfrentar a violência, a pobreza, as ausências do Estado e as desigualdades sociais”.
O consultor sênior do ICI, Alan
Gaitarosso, destaca a importância de mirar em Medellín para alcançar uma
verdadeira transformação de sociedade. “A arte e a cultura são agentes de
transformação. Precisamos manter isso em mente e focar em desenvolver essas
áreas sempre. Criar alternativas, políticas públicas, projetos, envolver a
iniciativa privada e incentivar o desenvolvimento cultural e social da cidade.
Medellín é a prova de que o investimento correto, com foco sociocultural, pode
sim transformar uma sociedade”, analisa.
Em 2018, uma comitiva da
sociedade civil organizada e poder público de Maringá foi a Medellín conhecer os projetos
que impulsionaram o desenvolvimento local. O ICI foi representado pelo então
presidente da entidade, Eduardo Peinado. Segundo ele, tudo em Medellín chamou a
atenção, mas, para ele, o Natal foi o melhor exemplo. “O maior aprendizado
conseguir enxergar lá foi conseguir enxergar o potencial do Natal. Sempre valorizando
muito a cultura local, em Medellín a sociedade se envolve completamente em
todas as ações. Os brasileiros sempre ficaram de costas para interior do
continente americano. Temos muito o que aprender com os latino-americanos”,
analisou.
O Instituto Cultural Ingá (ICI) é
uma agência de fomento e incentivo a cultura e à criatividade. Por meio da
renúncia fiscal ou patrocínio direto, o ICI busca consolidar a economia
cultural da região. Criando elo entre ideias criativas e empresas que acreditam
na Cultura como ferramenta de desenvolvimento social. Além disso, o ICI oferece
capacitações técnicas gratuitas para o mercado cultural da região.
Nos últimos 8 anos, o ICI viabilizou quase R$ 8 milhões em benefício para centenas de projetos artísticos e culturais apoiados.
Fontes: El País, Folha
UOL e Revista Continente.
Foto: Reprodução/Dicas da Colômbia