História da maior casa de candomblé de Maringá é tema de documentário

16 de Dezembro de 2020

A trajetória da maior casa de asè que já existiu em Maringá - e uma das maiores do estado do Paraná - tornou-se tema de filme. A partir de pesquisas, relatos e entrevistas com filhas e filhos de santo e frequentadores, o documentário conta a história da casa de candomblé Ilê Asè Oyá e também de sua Yalorixá, a Yá Sandiá - Mãe Lurdes.

O terreiro, localizado no Jardim Alvorada contou com toda a estrutura necessária para a prática do culto, desde o barracão - onde são feitos os xirês e as cerimônias abertas - até as casas dos orixás, árvores e folhas sagradas. Essas dimensões físicas denotam sua a importância e relevância social, cultural e religiosa.

O filme traz relatos importantes da biografia da sacerdotisa do Ilê Asè Oyá, que foi a principal referência local de candomblé e da cultura negra, marcando a história e o desenvolvimento das religiões de matriz africana em Maringá. “Aqui, não conhecemos muito sobre a história afro-brasileira, principalmente das religiões de matriz africana, como o candomblé. A Mãe Lurdes conquistou espaços institucionais na cidade, mas pouco se fala sobre ela”, destaca Felipe de Moraes, que assina a produção executiva do documentário e idealizou o projeto junto com Caio Emílio Soares.

Para os realizadores, os principais objetivos da produção audiovisual Ilê Asè Oyá são a preservação da memória oral ligada à ancestralidade, religiosidade, cultura afro-diaspórica e também o registro do patrimônio histórico cultural imaterial da cultura negra em Maringá. “O candomblé e as religiões de matriz africana de modo geral, utilizam-se da tradição oral como via de reprodução e transmissão dos saberes e da tradição. Quando um sacerdote morre e o trabalho feito por ele ou ela dentro de um axé não tem continuidade - como é o caso do Ilê Asè Oyá e da Yá Sandiá - todo aquele saber, toda aquela tradição, acaba morrendo junto. Por isso a necessidade de documentar e imortalizar a Mãe Lurdes e o Ilê. Esse projeto foi enquadrado na categoria de patrimônio cultural justamente pela abordagem documental do filme”, explica Caio Emílio, que assina a direção cinematográfica.

Contemplado na categoria Patrimônio, “Ilê Asè Oyá - O filme” foi produzido com verba de incentivo à cultura, Lei Municipal 9160/2012 - Prêmio Aniceto Matti. A estreia do documentário “Ilê Asè Oyá - O filme” será no dia 20 de dezembro. A transmissão acontecerá às 20 horas, pelo YouTube.

“A nossa intenção é preservar a memória da Mãe Lurdes e do Ilê, enquanto espaço de reprodução e manutenção da cultura negra em Maringá”, destacam os realizadores.


SERVIÇO

“Ilê Asè Oyá - O filme”

Estreia: 20/12/2020, às 20h, via YouTube

 

Facebook: www.facebook.com/ileaseoyaofilme

Instagram: https://www.instagram.com/ileaseoyaofilme

YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCtN0lT63w7HoKJcKvHsevJQ

 

Sobre Yá Sandiá - Mãe Lurdes

 

Mãe Lurdes, como era popularmente conhecida, foi a sacerdotisa do Ilê Asè Oyá. Sua atuação influenciou muitas pessoas, de diversas classes sociais, etnias e religiões. Ela integrou o Grupo de Diálogos Inter-religiosos, participou da Secretaria da Mulher de Maringá-PR e foi a principal referência do candomblé e da cultura negra na cidade.

Sobre o Ilê Asè Oyá

Foi um dos primeiros terreiros de Maringá, aberto em 1984 e é considerado a maior casa de asè que já existiu na cidade. Nos anos 90 houve uma enxurrada que destruiu grande parte da estrutura física do terreiro e, após isso, tanto a casa quanto Mãe Lurdes, que estava com a saúde debilitada, não conseguiram se recuperar totalmente. Em 2016, após a morte de Yá Sandiá - Mãe Lurdes, o Ilê Asè Oyá encerrou suas atividades de forma definitiva.  

Texto: Assessoria

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