Espetáculo teatral “Infância” chega a Maringá

18 de Outubro de 2022
Depois de se apresentar em cidades de Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e no Teatro Municipal de São Paulo, o grupo rodateatro traz a Maringá no próximo dia 21 o espetáculo Infância, versão cênico-musical da obra prima de Graciliano Ramos. A apresentação é às 20h no Teatro Barracão, com ingressos à venda na bilheteria por R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). No elenco, Ney Piacentini (ator da Companhia do Latão, de São Paulo) e Alexandre Rosa (músico da OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – principal conjunto sinfônico da América Latina). Após a peça haverá debate entre artistas e público. 

No dia 22/10 “Infância” se apresenta no Teatro Municipal de Campo Mourão, como primeiro classificado no edital para a escolha dos espetáculos do Fetacam - Festival de Teatro. vale lembrar que em 2022 o escritor Graciliano Ramos completa 130 anos de nascimento.

O espetáculo  
Em dezembro de 2021 Piacentini e Rosa foram até o sertão de Pernambuco e Alagoas, vivenciando os locais por onde Graciliano Ramos viveu sua meninice descrita no romance Infância. Passaram por Quebrangulo,Viçosa e Palmeira dos Índios (AL); e Buíque (PE). Lá conheceram a aridez e a pulsação da gente do sertão e da Zona da Mata nordestinos. Visitaram as ruas citadas no livro, as casas em que Graciliano viveu, conviveram com pessoas que conhecem a tradição de Graciliano nas regiões e dialogaram com os “viventes” locais. Assim, a pesquisa não se limitou à leitura das obras completas do autor, mas contou ainda com quatro palestras proferidas para nós por especialistas como Luciana Araujo Marques, Ieda Sylberstein, Leusa Araújo e Ivan Marques, além da viagem de absorção sensorial do mundo de Ramos.

“Infância” é a transcrição cênica e musical a partir do livro homônimo de Graciliano Ramos, publicado em 1945. No romance o escritor alagoano descreve seus primeiros anos de vida até a puberdade: a dura vivência com a família, a difícil alfabetização e sua gradativa aproximação aos livros. Sem perder o primor literário, o leitor acompanha a trajetória rudimentar do garoto no interior dos Estados de Alagoas e Pernambuco e o incipiente surgimento de uma criatura interessada no mundo das letras.

A adaptação do livro à cena revela a transformação do narrador adulto na criança que ele descreve de si mesmo e o desdobramento do autor nos vários personagens que compõem o romance, no qual descreve os episódios de sua meninice – guardada a diferença de idade entre a maturidade e suas memórias infantis. Recorte que prioriza a falta de trato de sua educação familiar, a precariedade do ambiente escolar e as dificuldades na incursão na arte de ler e escrever.

Como o nosso autor é econômico em sua literatura, se utilizando apenas das palavras e frases essenciais, sem enxertos ou prolixidade, a encenação segue na mesma direção. A estrutura da obra é simples, porém inventiva: a cenografia é feita de objetos imprescindíveis ao palco, com sofisticados instrumentos musicais que se transformam, por meio de sugestões indiretas, na indumentária do projeto. O trabalho está planejado de modo a facilitar a adaptação às condições materiais dos espaços e não o contrário.

O programa engloba a encenação (de 60 minutos), seguida de uma conversa sobre o universo de Graciliano Ramos. Entram em debate os conteúdos, as formas, as demais obras do autor, sua    inserção no panorama da história e literatura brasileiras, além de outros aspectos de interesse da plateia. Tal base será acrescida de uma demonstração de como se deu o processo de construção do espetáculo, especulando sobre como Ney Piacentini (ator) e Alexandre Rosa (músico) deram vida a um dos livros mais importantes do escritor alagoano. Trazer à luz uma matriz do romance brasileiro tem a intenção de estimular a leitura e a formação de público, utilizando-se de uma obra singular do repertório de Graciliano. 

O escritor, que completa 130 anos de nascimento em 2022, é autor de clássicos da literatura brasileira como Vidas secas e São Bernardo. Na sua trajetória constam as atividades de prefeito de Palmeira dos Índios e diretor da Instrução Pública do Estado de Alagoas (cargo relativo ao de secretário de Educação), tendo escrito os romances: Caetés, Angústia, e Memórias do cárcere. Foi autor de crônicas e contos reunidos nos livros A terra dos meninos pelados, Pequena história da República, Histórias in- completas, Insônia, Viagem, Linhas tortas, Viventes das Alagoas, Alexan- dre e outros heróis, entre mais obras. Foi jornalista, tradutor, inspetor de ensino e militante político, tendo ganho diversos prêmios pelas suas obras.

NEY PIACENTINI
O ator é natural de Campo Mourão e residente em São Paulo/SP. Possui 43 anos de teatro com mais de 65 espetáculos em sua reconhecida trajetória. Tem Pós-Doutorado no Instituto de Artes da UNESP, com o projeto ANOTAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DA ATUAÇÃO NO BRASIL. Foi professor temporário na Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP) na disciplina Poéticas da Atuação II e atuou como orientador na Pós-Graduação de Direção e Atuação na Célia Helena Centro de Artes e Educação. Trabalhou como professor substituto no Instituto de Artes da UNESP na disciplina Laboratório de Atuação e de Processos da Performance V e VI e exerceu a função de professor de Direção de Atores na Pós-Graduação em Direção Teatral na Faculdade Paulista de Artes. Possui doutorado e mestrado em Pedagogia Teatral pela ECA/USP. Publicou os livros (DES)APRENDIZAGENS - TEXTOS SOBRE ATUAÇÃO; O ATOR DIALÉTICO: VINTE ANOS DE APRENDIZADO NA COMPANHIA DO LATÃO (fruto do doutorado); EUGÊNIO KUSNET: DO ATOR AO PROFESSOR (fruto do seu mestrado) e STANISLAVSKI REVIVIDO (Org. com Paulo Fávari). É integrante da Companhia do Latão desde a sua fundação em 1997. Em 2016 foi Indicado ao Prêmio de Melhor Ator pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) por seu solo ESPELHOS e estreou INFÂNCIA em 2021. Em 2018 foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil pelo seu livro O ATOR DIALÉTICO - Categoria Destaque e ao Prêmio Botequim Cultural - RJ como Melhor Ator Coadjuvante por LUGAR NENHUM da Companhia do Latão. Fez parte do conjunto que venceu o Prêmio Questão de Crítica – RJ 2013 de melhor elenco com O PATRÃO CORDIAL e o de melhor espetáculo estrangeiro em Cuba em 2007 com O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO, de Bertolt Brecht. É ator, professor de teatro e autor de livros sobre atuação e em 2014 recebeu o Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro pela sua contribuição ao Teatro Paulista.

ALEXANDRE ROSA
Doutor em música-performance pelo Instituto de Artes da Unesp e formado em música-instrumento pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Atualmente é músico da OSESP, orquestra com a qual tocou em salas de música como o Lincoln Center (Nova Iorque), Royal Albert Hall (Londres), Musikverein e Konzerthaus (Viena), Concertgebouw (Amster- dã), Théâtre du Châtelet e Salle Pleyel (Paris), Philarmonie (Berlin), Palau de la Música Catalana (Barcelona), National Centre for Performing Arts (Pequim), entre outras.

Participou de oficinas de teatro com Jean-Jacques Lemêtre e Viviane Dado-Sortie (França) Julia Varley (Dinamarca) e Kalamandalam Shivadas (Índia). Esteve na Odin Week em Holstebro (Dinamarca) onde participou de oficinas com todos atores e músicos do Odin Teatret. Ministra palestras e workshops para músicos e atores em instituições conceituadas como os festivais de música de Campos do Jordão e Juiz de Fora além das escolas de teatro da USP, da Unesp, da Biblioteca Mário de Andrade de SP e da National School of Drama (Índia). Realiza trabalhos de criação musical com grupos de teatro (Teatro Enlatado) e dança (Cia Corpos Nômades).

Atuou ao lado de Antônio Fagundes e Cacá Carvalho em A história do soldado (dir. Ulisses Cruz), Contrabass in concert (atuação e direção de Sérgio Mamberti), Cicatrizes cena/monólogo (dir. Nelson Baskerville) e Shakuntala com Marilyn Nunes e produção do Oposto Teatro Laboratório.

Principais obras: Bass XXI (2013, álbum) e Técnicas estendidas do contrabaixo no Brasil: revisão de literatura, performance e ensino (2014, Editora Unesp).

Ficha técnica
Autor: Graciliano Ramos
Idealização e adaptação: Ney Piacentini
Concepção e interpretação: Ney Piacentini (ator) e Alexandre Rosa (músico)
Iluminação e assistência de direção: Elisa Martins
Iluminação em Maringá:  Luiz Carlos Locatelli
Fotografias e vídeos: João Maria Silva Jr. 
Programação Visual: Paulo Fávari
Realização: rodateatro

Classificação indicativa: 10 anos

Serviço: 
“Infância”, com Ney Piacentini e Alexandre Rosa
Dia 21/10 às 20h no Teatro Barracão – Praça Nadir Cancian, s/n. 
Duração: 60 minutos
Com debate depois da peça junto à plateia interessada. 
INTEIRAS: R$ 20
MEIAS: R$ 10,00 (p/ estudantes, professores, fazedores de teatro de todas as tribos e funções e todas as pessoas que não podem pagar inteira – basta afirmar isso na bilheteria). 
Produção local: 2 Coelhos Comunicação e Cultura
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura 
Na ocasião Ney Piacentini lançará seu livro (DES)APRENDIZAGENS – textos sobre atuação e Alexandre Rosa disponibilizará seu CD Bass XXI (2013, álbum)
Livro (DES)APRENDIZAGENS: R$ 50,00
CD Bass XXI: R$ 20,00 
Em dinheiro ou pix – ney.piacentini@gmail.com  

Fonte: Assessoria
Foto: Divulgação

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