CED estreia ‘Myrtha’, espetáculo de dança contemporânea que propõe releitura de clássico

06 de Março de 2023

Amanhã (7/3), às 20h, a CED – Cia Experimental de Dança estreia seu mais novo trabalho: “Myrtha”. O espetáculo de dança contemporânea será apresentado no Arena das Artes, com entrada gratuita, todos os dias até 12 de março. O projeto foi viabilizado por meio do Prêmio Aniceto Matti e também inclui duas oficinas abertas à comunidade.  

 

Desta vez, a companhia formada por André Miranda, Leonardo Fabiano e Ludmila Castanheira revisita o segundo ato do balé clássico “Giselle” (de Adolphe Adam, Jules-Henri Vernoy de Saint-Georges e Théophile Gautier, 1840). Mais especificamente, dão foco na personagem Myrtha, a chefe das Wilis, um exército de mulheres traídas pelos homens que amaram, que voltam dos mortos em busca de vingança.

 

No balé Giselle, a protagonista apaixonada morre de tristeza ao saber-se enganada por um nobre que finge ser um camponês. Ao morrer, ela se torna uma Willi: fantasma de mulher morta antes do casamento em decorrência de alguma ação do noivo. As Willis são muitas, sempre sepultadas fora e bem longe do cemitério, pois são tidas como indignas de estarem nas terras sagradas. Elas matam de tanto dançar os homens que encontram. Myrtha é a Willi mais antiga. Ela e outras fantasmas torturam o nobre que enganou Giselle quando esta, ainda apaixonada, reveza com ele na dança que dura até o amanhecer, período em que as Willis precisam voltar para a tumba. Com esse ato, Giselle livra o amado da morte, traindo Myrtha e as Willis.

 

Na releitura da CED, mesmo dançando a trilha original os bailarinos buscam criar novas narrativas para o balé mundialmente conhecido, investigando como Myrtha poderia auxiliar a desdizer o senso comum de mulheres sendo vitimizadas, para inventar um universo em que elas revidam. A intenção é buscar trazer a perspectiva da mulher duas vezes enganada e, mesmo assim, retratada como vilã. “As Willis serem retratadas como malignas e assassinas seria um sintoma do medo que a sociedade patriarcal tem do desejo feminino? Esta é uma das perguntas que nos moveram na realização deste projeto”, explica a bailarina e oficineira, Ludmila Castanheira.

 

Por meio de um cenário que evoca o aspecto fantasmagórico das Willis e figurinos puídos que trazem personagens diáfanas e decrépitas, o grupo dança bem perto do público, num palco em formato de passarela que permite a presença de um número limitado de pessoas (60 lugares). "Nossa ideia com essa versão é a de explorar um pouco o que acontecia na existência da Myrtha antes da chegada de Giselle, o que ela fazia após matar os homens que adentravam a floresta? Qual essa relação entre Myrtha e as almas por ela rendidas? É como se víssemos o que acontecia na floresta enquanto o primeiro Ato do balé clássico se desenrola", comenta o bailarino e produtor, Leonardo Fabiano.

Além das seis apresentações, o projeto ofereceu duas oficinas gratuitas e abertas à comunidade, ministradas por André Miranda e Ludmila Castanheira. Miranda, que neste trabalho está assinando coreografias e direção, ministrou uma oficina baseada no processo de criação do espetáculo, para pessoas iniciadas ou não nas práticas de dança. Já Ludmila falou sobre como personagens femininos desobedientes têm sido retratados na literatura, poesia, cinema e cultura pop, na oficina intitulada “Mulheres más: como somos vistas se desobedecemos?”.


Serviço:

Espetáculo “Myrtha” da CED – Cia Experimental de Dança

Dias 7, 8, 9, 10, 11 e 12 de março sempre às 20h

Local: Arena Das Artes (Av. Dep. José Alves dos Santos, 4367 - Jardim Brasil)

Classificação: 16 anos

Público Limitado a 60 pessoas

Entrada gratuita


Produzido com verba de Incentivo à Cultura

Lei Municipal de Maringá n.º 11200/2020

Prêmio Aniceto Matti


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