Treze projetos culturais maringaenses estão em fase de captação de recursos neste momento. São eventos, projetos de formação artística e cultural e documentários de média-metragem que precisam de financiamento para serem produzidos. O Instituto Cultural Ingá (ICI), enquanto agência de fomento e incentivo à cultura, busca fazer a ponte entre esses projetos e produtores culturais e as empresas interessadas em destinar recursos por meio da renúncia fiscal prevista na Lei de Incentivo à Cultura – Lei Federal nº 8.313/91.

Entre os projetos de formação artística estão o “Arena em Cena”, que consiste em oferecer cursos gratuitos de teatro, dança e desenho para crianças e jovens de 07 a 17 anos, prioritariamente para alunos da rede pública de ensino. Os cursos terão duração de 9 meses e devem atender aproximadamente 100 alunos. Ao final será organizado uma mostra de arte para apresentações dos trabalhos. Já o projeto “Som da Banda” entra em sua 10ª edição e visa não só manter, mas também ampliar o atendimento, disponibilizando novas vagas nas oficinas de música, baliza e corpo coreográfico. O objetivo é formar mais musicistas amadores e profissionais com incentivo de bolsas de estudo e disseminar a cultura e a valorização musical no formato de banda e fanfarra. Prevê o atendimento de 75 alunos nas áreas de sopros, percussão, corpo coreográfico e baliza.

“O projeto Som da Banda propicia de forma gratuita a vivência de música e dança, a partir de 6 anos e até a melhor idade, principalmente para quem não tem condições de pagar cursos na cidade. A gente vem conseguindo formar músicos e dançarinos para atuarem profissionalmente na cidade. Dá uma perspectiva melhor de vida para as crianças e adolescentes”, ressalta Graziani Moraes, da Associação Cultural Banda de Música Branca da Mota Fernandes, proponente do projeto. Duas edições deste projeto podem ser apoiadas por meio do mecanismo de renúncia fiscal. Além disso, também está apto a receber recursos o projeto “Banda Sinfônica”, do mesmo proponente, que visa formar uma banda sinfônica com jovens, crianças e adolescentes da rede de ensino, a partir de aulas gratuitas de música e atividades artísticas promovidas pelo projeto.

Grandes eventos

Os eventos culturais que aguardam a captação de recursos para sua execução são: a mostra cultural “Só em Cena”, projeto de sucesso que entra em sua sétima edição, sempre trazendo espetáculos culturais com um único artista em palco ao longo de 10 dias; o “Ecos do Ingá – Mostra de Música Instrumental”, que nesta edição tem como foco a bateria e segue com o propósito de dar destaque a um gênero musical pouco divulgado na região com um dia de apresentações de  artistas locais e nacionais ao ar livre em um parque da cidade e o “Festival Hip-Hop Rua”, cuja primeira edição visa promover um festival de dança (breaking), exposição de artes visuais (Graffiti) e apresentações musicais, em dois dias repletos de atividades direcionadas aos jovens.

“A Só em Cena vem se fortalecendo como um importante festival neste formato em todo o país, haja vista que existem poucos festivais de solos. Acreditamos que os projetos culturais são mais efetivos em alcançar resultados quando são permanentes, daí a importância da continuidade dessa trajetória de sucesso”, afirma a produtora cultural Rachel Coelho, responsável pela mostra.

"A Cultura Hip-hop tem apelo social e artístico e precisa de incentivo público. Facilitar o acesso ao Rap, ao Breaking, aos DJS e ao Graffiti de qualidade é o nosso objetivo. Esse festival será uma grande festa da Cultura Hip-hop com ações de formação, batalhas, debates e apresentações de impacto para a juventude periférica de Maringá e do Paraná. Incluir o jovem na vida cultural da cidade é um passo a mais para a democratização de acesso a direitos por parte de uma importante parcela da população que hoje vive à margem", comenta Felipe Halison, proponente do projeto Festival Hip-Hop Rua.

“O Ecos do Ingá hoje é a maior mostra de música instrumental do Paraná, visto sua assiduidade, reconhecimento, casting de qualidade e adesão do público. O projeto atende o público interessado em música, que vislumbra ouvir algo diferente do proposto comercialmente na grande mídia”, comenta o produtor cultural e proponente do projeto, Paulo Schoffen.

A Associação Cultural Lirius, conhecida por realizar os projetos da Paixão de Cristo e do Auto de Natal, apresenta “Dormição e glória – uma ode à virgem”, cujo objetivo é montar um espetáculo teatral sobre os últimos momentos da vida de Maria de Nazaré, mãe de Jesus. 

Audiovisual

O audiovisual, por sua vez, é um segmento que tem crescido muito em Maringá, graças aos editais de fomento. Na lista de projetos em fase de captação há quatro documentários em média-metragem.

Em uma coprodução Brasil/EUA, e falado em inglês e português, “Framingham: Brasileiros Conquistam o Sonho Americano” é um documentário sobre a maior comunidade brasileira fora do Brasil e como os brasileiros transformaram esta cidadezinha de Massachusetts em um lugar que respira as cores verde e amarelo. “Infância roubada” é um documentário sobre violência e abuso infantil que reunirá profissionais das áreas jurídica, médica, policial e civil, trazendo casos verídicos e cenas dramatizadas para discutir esse grave problema social. Ambos estão sob a responsabilidade de Eliton Oliveira, sendo este último uma parceria com a Cosmos Filmes.

“Meus filmes estão divididos em duas etapas, sempre. A primeira etapa é cumprir os objetivos em Maringá, isto é, atingir a quantidade de público estipulada no projeto. A segunda etapa é ir para o streaming, tal como ‘O Silêncio das Rosas’, que estamos legendando em inglês para subirmos na Amazon Internacional para América do Norte e Europa”, conta Oliveira.

O documentário “Epopeia em terras roxas: o centenário da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná”, do Maringá Histórica, pretende abordar aspectos da prospecção, implantação e formação de um território composto por mais de 545 mil alqueires paulistas, ao Norte e Noroeste do Paraná. O mesmo proponente ainda apresenta o projeto “Da lama à universidade: a história do ensino superior em Maringá”, que visa contextualizar e registrar em vídeo o surgimento e consolidação da educação superior na cidade.

João Gabriel Kowalski está com o projeto “A Holandesinha”, documentário sobre Luísa, uma jovem com síndrome de Down que aprende a fazer cinema e passa a ser diretora de sua própria história. “Acho que é a ideia principal do filme é mostrar que uma garota com síndrome de down pode realizar o sonho de fazer cinema e demonstrar que a inclusão de pessoas com deficiência deve ocorrer em múltiplos cenários. Nós também queremos mostrar que o capacitismo não tem vez e que o céu é o limite”, explica Kowalski.

Como funciona

Toda empresa que se enquadra no Lucro Real pode abater até 4% do Imposto de Renda devido ao governo e direcionar esse percentual diretamente aos projetos culturais locais. O ICI pode auxiliar a empresa a conhecer e escolher os projetos disponíveis na região, além de oferecer consultorias gratuitas sobre os trâmites burocráticos para efetivar o patrocínio.

Desde que foi criado, em 2011, o ICI já captou mais de 13 milhões de reais para a execução de mais de 130 projetos viabilizados por meio da Lei de Incentivo à Cultura, movimentando a economia e democratizando o acesso à cultura. Dezenas de empresas são parceiras e patrocinam projetos culturais locais. Um ponto importante é que os recursos da cidade continuam investidos na cidade. “Os impostos de uma empresa maringaense devem fomentar projetos da própria cidade. Com isso, todas as partes envolvidas no processo saem ganhando: o produtor cultural, o apoiador e os maringaenses, que terão mais opções à disposição e mais acesso à cultura”, acredita o presidente do ICI, George Coelho.

Empresas que patrocinam projetos culturais via ICI ganham o selo “Empresa Amiga da Cultura”, que pode ser adicionado aos materiais institucionais e aos balanços sociais e de marketing, agregando valor à marca. O reconhecimento dos parceiros de 2022 se dará em uma noite especial de “Queijos e Vinhos”, na ACIM, no dia 27 de abril.