No ano do cinquentenário de nascimento do Hip-Hop, o Ministério da Cultura (MinC) celebra as contribuições do movimento para a cultura e inclusão social no Brasil e lança hoje (quinta-feira, 26/10), às 15h, no Campus Universitário Darcy Ribeiro na UnB (Beijódromo), o Edital Prêmio Cultura Viva Construção Nacional do Hip-Hop 2023. A iniciativa irá investir R$ 6 milhões em 325 iniciativas e conta com o apoio do Ministério da Igualdade Racial (MIR) e da Fundação Nacional de Artes (Funarte). A cerimônia é uma parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal, da Universidade de Brasília (UnB) e do Serviço Social da Indústria Distrito Federal (Sesi-DF).
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, presença confirmada no lançamento, ressalta que o Hip-Hop é, antes de tudo, um movimento de resistência, articulado e estabelecido há cinco décadas, com importante função social e cultural. “A ação do MinC em conjunto com a Construção Nacional da Cultura Hip-Hop reforça o valor das experiências vividas nas comunidades, a realidade de milhares de brasileiros que fazem arte e cultura de sua luta”. A ação também faz parte de um calendário de iniciativas implementadas pelo Minc para promoção do novembro negro.
A premiação visa implementar as ações da Política Nacional Cultura Viva (PNCV), com destaque para o reconhecimento dos agentes culturais que promovem a preservação, a difusão da diversidade cultural, bem como a valorização das expressões culturais do Hip-Hop no Brasil. E também, ampliar a rede dessa política com a valorização e o incentivo aos agentes Cultura Viva e aos Pontos de Cultura em redes territoriais e temáticas.
“O edital é, antes de tudo, “um compromisso do MinC em reconhecer e valorizar a cultura Hip-Hop, seu papel fundamental na promoção da inclusão social, na participação ativa da juventude, na atuação em redes, e tem na Política Nacional Cultura Viva uma importante porta de acesso para o fomento as suas ações culturais, que são de base comunitária. A juventude negra transforma o mundo pela cultura”, avalia a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg.
O secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, diz que o Ministério vem se empenhando desde o início da atual gestão com as iniciativas do movimento Hip-Hop, sendo o lançamento do edital o grande momento dessa parceria. “O edital construído a muitas mãos fortalece todo o movimento e dialoga com a revolução que o MinC quer fazer, transformando Hip-Hop em política pública”.
O facilitador geral da Construção Nacional da Cultura Hip-Hop, Rafa Rafuagi, afirma que este é um momento histórico. “Depois de quase uma década, vemos a retomada do MinC e o protagonismo da cultura Hip-Hop dentro do Sistema Nacional de Cultura, tendo um edital específico para a linguagem, mas principalmente com um aumento exponencial dos recursos viabilizados para que hip hoppers possam qualificar ainda mais os seus trabalhos e suas atividades dentro das periferias de todo o Brasil”.
Rafa diz que a Construção Nacional da Cultura Hip-Hop protagonizou imensos debates por todo o território nacional para construir um edital com participação popular, de forma horizontal em representação das regiões do país. “Valorizando de norte a sul todo e qualquer hip hopper que se colocou à disposição de construir coletivamente, isso não tem preço, saber que a gente está criando política pública a partir da cultura hip-hop evidencia o papel que o hip-hop tem de transformar para melhor a sociedade, sendo uma cultura que faz intersecção com todas as áreas da sociedade, então vamos ver o resultado desse edital reverberando nas muitas frentes onde o hip-hop atua, como saúde, segurança pública, meio ambiente, educação, isso vai fortalecer o processo de fazer com que as comunidades tenham uma vida mais digna e que a União e a reconstrução do Brasil aconteça por meio deste edital”, conclui Rafa Rafuagi.
Premiação
Serão premiadas ações que visem a criação, produção e/ou circulação de obras, atividades, produtos e ações, tais como: projetos de composição, arranjos, produção de beats, shows, vídeos, discos, arquivos audiovisuais, sítios de internet, revistas, batalhas, rodas culturais, cyphers, jams, espetáculos, slam, beatbox, pesquisas, mapeamentos, fotografias, seminários, ciclos de debates, palestras, workshops, oficinas e cursos livres, que possam contribuir com o desenvolvimento sociocultural do segmento.
As 325 iniciativas culturais Hip-Hop já realizadas, serão divididas em três categorias:
Pessoas físicas: 200 prêmios, no valor individual bruto de R$ 15 mil;
Grupos/Coletivos/Crews: 75 prêmios, no valor individual bruto de R$ 20mil;
Instituições privadas sem fins lucrativos de natureza ou finalidade cultural do Hip-Hop: 50 prêmios, no valor individual bruto de R$ 30 mil.
Poderão participar pessoas físicas, grupos/coletivos/crews e instituições privadas em fins lucrativos, de natureza ou finalidade cultural.
Cultura Hip-Hop
O Hip-Hop é composto por cinco elementos estruturantes: o disc jockey - DJ; o breaking; o mestre de cerimônias - MC; o graffiti; e o conhecimento; mas também são figuras centrais os breaking boys (B-boy) e breaking girls (B-girl); a jam - sessão de apresentações dos inúmeros elementos e linguagem do movimento; a cypher - uma roda onde passos de dança são executados, a slam ou poetry slam, as batalhas e as rodas culturais; e o crew - apresentações de dança em grupo.
Se somam a eles outras expressões, como as gírias e expressões; o jeito de se vestir; a forma de se movimentar; o DJing e o turntablism - estilos de discotecagem; o beatboxing - famosa percussão vocal que acompanha as rimas do Hip-Hop; o MCeeing - onde rimas são recitadas de maneira ritmada; o rap; o freestyle; o grafite; as danças urbanas - ou street dances, como o breaking; o popping; o boogaloo; o locking; o hip-hop freestyle dance; o waacking; e o house.