O Teatro do Alvorecer estreia no dia 21 de agosto o espetáculo “Ubu Shogun ou Por que os tronos são manchados de sangue”, monólogo de Douglas Kodi livremente inspirado em “Ubu Rei”, de Alfred Jarry. A montagem, uma peça de máscaras que mistura humor, sátira e drama, permanece em cartaz até 31 de agosto, com oito apresentações, duas delas com intérprete de Libras.
Escrita no final do século XIX, “Ubu Rei” é uma das obras mais importantes do teatro moderno e é considerada precursora do que mais tarde ficou conhecido como “teatro do absurdo”. A peça escancara a ganância, a brutalidade e a estupidez humana por meio da grotesca figura de Pai Ubu, um tirano ridículo que instaura um regime caótico. Mais de um século depois, a obra continua atual ao abordar temas como autoritarismo, corrupção e a disputa pelo poder.
Em “Ubu Shogun ou Por que os tronos são manchados de sangue”, Douglas Kodi não faz uma simples adaptação da obra de Jarry. No mesmo espírito irreverente com que o autor francês questionou a tradição teatral de sua época, Kodi revisita a história do teatro e da encenação moderna a partir de uma perspectiva “japonista”, ou seja, um olhar de um corpo nipo-brasileiro em suspensão, talvez nem amarelo, nem branco. Nesse percurso, estabelece um diálogo entre linguagens e referências: do ator-marionete, da Commedia dell’arte e da farsa europeia ao teatro de bonecos japonês (Bunraku); do cabaré ao butoh; da dramaturgia de Sófocles e Shakespeare, das vanguardas teatrais, às imagens dos animes seinen e do cinema de Akira Kurosawa. Mais do que um mosaico de estilos, o espetáculo se constrói como um ensaio cênico sobre a ideia de Poder. A narrativa é transposta para um contexto histórico e cultural distinto: o Japão feudal durante o período Sengoku, uma era marcada por conflitos, guerras e profundas transformações sociais.
“O palco não é um lugar para reproduzir a vida nem para apresentar ‘verdades pessoais’, mas um espaço onde a teatralidade é soberana. Quando essa teatralidade acontece de verdade, a vida aparece ali por metáfora. Ubu Rei, na época em que foi escrita, foi um rompante, um grito: trouxe uma dramaturgia que reivindicava o palco como território do sonho e de uma vida surreal. Ubu Shogun é uma peça sobre o Poder. Talvez a explosão da linguagem teatral seja o único caminho possível para dar conta do absurdo em que vivemos, das guerras, da espetacularização política, desses jogos dos poderosos em que todos nós parecemos apenas formiguinhas”, explica Kodi.
A direção é assinada por Kodi, e teve a colaboração de Ricardo Nolasco e de Ésio Magalhães (palhaçaria). No processo criativo, o grupo explorou linguagens como teatro de máscaras, dança tradicional japonesa, palhaçaria e teatro de animação, criando uma obra que equilibra o teatro experimental e o teatro narrativo mais tradicional.
A obra é especialmente atraente para o público que é aberto a novas interpretações dos clássicos e que busca no teatro não apenas entretenimento, mas também um espaço de reflexão e questionamento sobre temas contemporâneos e universais. Além das apresentações, o projeto oferecerá três oficinas formativas abertas ao público: “O ator como atleta da imaginação” por Douglas Kodi, “Destrinchando Ubu Rei” por Ricardo Nolasco e “Redes sociais para projetos Culturais”, por Fernando Souza (Maringaense Cultural). Todas as ações do projeto são gratuitas.
Ficha Técnica:
Direção, máscaras, texto e atuação: Douglas Kodi
Provocação dramatúrgica e ensaiador: Ricardo Nolasco
Colaboração e provocação na atuação com máscaras: Ésio Magalhães
Produção: Teatro do Alvorecer
Direção de produção: Vitória Campanari
Auxiliar de produção: Vinícius de Brito
Trilha Sonora: Massashi Murahara
Figurino: VCamp Ateliê
Cenografia: Carla Guizelini, Douglas Kodi e Vilson Kurz
Assistente mascareira: Rafaela Angelon
Direção de comunicação: Fernando Souza / Maringaense Cultural
Assessora de Imprensa: Rachel Coelho / 2 Coelhos Comunicação e Cultura
Fotografia e Vídeo: Álvaro Sasaki
Iluminação: Vanderlei Junior / Candelabro Produção Cênica e Thamires Saboia
Técnico de som: Diogo Correa
Intérprete de Libras: Francielle Lopes
Apoio: Restaurante San Pio
Agradecimentos: Isa Angioletto
Coordenação do projeto: Douglas Kodi
Serviço:
Espetáculo “Ubu Shogun ou Por que os tronos são manchados de sangue”, do Teatro do Alvorecer
Em cartaz dias 21, 22 e 23, 28, 29 e 30 (quinta a sábado) às 20h e dias 24 e 31 (domingos) às 19h
Nos dias 22 e 23 haverá intérprete de libras
Local: Casa da Cultura Alcídio Regini (Av. Dona Sophia Rasgulaeff, 693, Jardim Alvorada).
Entrada gratuita
Classificação: 12 anos
Atividades Formativas:
Oficina “O ator como atleta da imaginação”, com Douglas Kodi
Dia 30/08 (sábado) das 15h às 17h30
Casa da Cultura Alcídio Regini
Saiba mais em @teatrodoalvorecer
Produzido com verba de Incentivo à Cultura
Lei Municipal de Maringá n.º 11200/2020
Prêmio Aniceto Matti